CPI pode provocar desgaste político, mas não crise política, diz Alencar


A complexidade e o tamanho das suspeitas de ações ilícitas envolvendo o operador de jogos de azar Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, são grandes, mas não a ponto de provocar uma grande crise institucional no país. A avaliação é do deputado federal Chico Alencar (PSOL-RJ), em entrevista concedida nesta sexta-feira ao SRZD. Indicado pela legenda para integrar a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que vai investigar as questões envolvendo o bicheiro, o parlamentar declarou ser ideal que Cachoeira seja o primeiro a depor na comissão.
"A CPI é uma síntese. Cachoeira agia com tentáculos horizontais e verticais", explica Alencar, sobre o fato do principal investigado ter suspeitas de ligações com integrantes de governos de Estado, municípios, empresas privadas e até com o Ministério Público.
"A reunião de trabalho será na próxima quarta-feira, aí vamos definir o cronograma. Cachoeira ser o primeiro a depor, isso vai depender da estratégia, mas já há um farto material a ser examinado", disse o deputado, se referindo ao fato dos inquéritos produzidos pela Operação Montecarlo da Polícia Federal.
Chico Alencar declarou que a CPI vai não deixar de lado o fato de integrantes de primeiro escalão de pelo menos dois governos estaduais (Goiás e Distrito Federal, cujos respectivos governadores são Marconi Perillo, do PSDB, e Agnelo Queiroz, do PT) terem sido citado em escutas feitas pela PF, mas não acredita que isso possa provocar implosões nas administrações.
"A gente não vive uma crise institucional, o que pode haver é desgaste político, com renúncias e cassações, mas sem quebra da normalidade democrática. Não haverá queda de governos em virtude do comprometimento que há nas assembleias estaduais com esses governadores", declarou o socialista. Ele avalia que "só um clamor popular muito grande" poderá fazer com que a CPI do Cachoeira signifique uma mudança profunda nas ações efetivas contra a corrupção em todos os setores da sociedade brasileira, algo semelhante de quando a Itália realizou a operação Mãos Limpas para combater o crime organizado na década de 1990.

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