COM A PALAVRA REPÓRTER WALTER BIANCARDINE: "MANTENDO A FERVURA"

                  
Fonte: Blog Alair Corrêa - Direto 
Walter Biancardine
A cidade de Cabo Frio sofre, como um todo, pela distorção atual que transforma reivindicações de classe em bandeiras políticas.
Não bastasse o clima de tensão imposto á toda uma população com bancos, escolas e serviços outros em estado de paralisação, ainda haveremos de sofrer as interpretações doentias e tendenciosas de uma sub mídia que, na melhor das hipóteses, busca os holofotes.
As reivindicações dos sindicalistas-professores (chamemo-os assim, pois professores são uma classe honrada, que nada tem a ver com o atual peleguismo sindical) tornaram-se um exemplo claro deste triste fato: mais importante do que obter o requerido, é manter o governo numa berlinda midiática.
Tal qual declarou o prefeito Alair Corrêa, “atende-se uma reivindicação, surgem cinco. Atende-se cinco, surgem dez, atende-se dez, o céu é o limite”. E é precisamente este o ponto.
Estamos tratando, em tese, com um sindicato formado por profissionais que tem, por dever de ofício, serem instruídos e razoáveis, lógicos e ponderados. Mas tal não se dá quando o assunto é a ribalta da greve e dos gritos em carros de som, em frente á Prefeitura.
Esta é a cena que buscam: passar ao povo que, se estão de tal maneira indignados, é porque este governo deve certamente ser composto apenas por crápulas!
Pouco se importam se suas reivindicações inviabilizarão outras áreas, esquecendo que o governo não existe somente para ossindicalistas-professores.
Pouco se importam se alunos ficarão sem aula, se as crianças em casa afetarão a rotina doméstica de milhares de famílias ou se, em muitas delas, alguém certamente se verá impedido de ir á rua trabalhar, pois suas mentes – lesadas pela ambição política – entendem que a aflição de pais e mães será canalizada contra o governo.
Pouco se importam com a qualidade do ensino, ferido de morte na reposição de aulas, pois entendem doentiamente que o mal aproveitamento dos alunos os auxiliará a demonstrar o quão maléfico é este governo.
Isso é egoísmo, cobiça, ganancia, ambição e vaidade, e sequer se preocupam em esconder tais desvios. E é fácil demonstrar.
Se houve algo pelo qual este sindicato (?) não esperava foi o fato de Alair Corrêa ter pago o PCCR. Isso os desnorteou.Todos acreditavam piamente que, por ser uma verdadeira bomba orçamentária, a administração fincaria o pé e não pagaria, fornecendo assim a bandeira política necessária.
Uma vez pago, a tática passou a ser desqualificar a ação do Prefeito: argumentou-se de tudo – que o plano já estava previsto em orçamento (orçamento este, diga-se de passagem, elaborado por obsessivo inimigo, que estava em vias de deixar o poder paraque seu desafeto, eleito, consertasse os desmandos) e, portanto, não seria nenhuma novidade. Do mesmo modo, diziam que o impacto na folha não seria o demonstrado pelo governo – segundo os cálculos de uma “auditoria” do sindicato, que teve acesso aos números – dentre outras tantas.
Interessa notar que as desqualificações acima foram lançadas com Alair pagando o PCCR! O que houve foi uma inacreditável virada de casaca, por parte dos sindicalistas, que repentinamente resolveram não mais aceitar o que eles mesmos haviam combinado, ao serem recebidos pelo Prefeito!
Mas, vamos por partes. Ora, o plano estava previsto em orçamento. Ponto.
Isso não é, absolutamente, garantia de viabilidade já que apresentado e votado por pessoas que não teriam de responder pelas consequências de tal ato. Espertamente, omitem o fato de que não existe governo que assuma uma gestão – com orçamento votado por outros, com outros objetivos – que possa mover-se seguramente. É como se entregássemos dez reais para um garoto,já taxado como “cheio de má vontade”, e disséssemos: – “Traga dez pães, meio quilo de queijo, meio quilo de presunto, dois pacotes de leite, biscoitos, requeijão e, se der, cigarros para mim”. O garoto protestaria, dizendo que não daria pra comprar tudo só com aquilo e nós, espertamente, cederíamos: “Ok, tire o cigarro, depois eu compro”. E se ele não comprasse, estaria demonstrada sua má vontade e apanharia ao chegar em casa.
Outra: a tal “auditoria”, que fuçou e refuçou as contas da Prefeitura e, teoricamente, provou que o PCCR poderia ser pago, é composta e apoiada por vários integrantes e simpatizantes da mesma facção política que acusa este governo de “falta de transparência”. Incrível!
Mais outra: “o combinado não sai caro”, diz o ditado popular. A comissão do sindicato foi recebida pelo Prefeito em seu gabinete (tive o privilégio de testemunhar o encontro, ninguém me contou, eu ví) – e o quão afáveis, sorridentes e cordatos os mesmos foram na ocasião, refestelados nos amplos sofás e refrescados pelo ar condicionado. Ponto.
O fato é que lá se chegou á um acordo, o mesmo foi aceito por eles, mas depois resolveram não mais aceitar nem honrar o aperto de mão dado ao Prefeito. Por que? Pelo fato de, lá fora, existir um palanque, um microfone, e gente disposta a dizer “É isso aí, quebra tudo!” á cada frase do orador. E se embriagaram com a liderança atirando-se, seduzidos, aos braços insaciáveis da massa – que poderá, um dia, elegê-los vereador, quem sabe…
E pra piorar, a mídia “engajada”, que elegeu o “fazer barraco” como algo muito pitoresco, sincero e engraçado, no lugar do argumento.
De nada adianta “fazer barraco”. Não se chega á lugar algum tentando usar gritos, como se os decibéis fossem avalistas da razão. Há que se ter compostura, há que se argumentar, dialogar, negociar. Quem grita é porque nada mais tem a dizer, e quem recorre ao “barraco” é porque não merece a posição de interlocutor, por despreparado e desequilibrado que é.
Mas a mídia endeusa este tipo de cena, pois dá ibope. E mais: em uma esforçada hipérbole, procura emprestar a cada ato de recusa ou de ponderação deste governo, uma razão de “revide” político contra um obscuro ex-prefeito.
Temos deputados que nada fazem onde mais poderiam fazer: no plano do Governo Estadual. Mas sobre isso, silenciam, e esta é uma das várias provas de que as reivindicações possuem somente o caráter político da “fritura”, objetivando manter este governo – como já disse – numa berlinda midiática que os favoreça nas próximas eleições.
E isso, custe o que custar. Que crianças fiquem sem aulas, que pais não possam sair de casa para trabalhar, que alunos sejam reprovados – eles sempre terão uma explicação na ponta da língua para jogar a culpa no governo.
O movimento reivindicatório dos sindicalistas-professores perdeu sua legitimidade.
Seus representantes mostraram-se bifrontes: sorridentes e cordatos no gabinete do Prefeito mas irados, furiosos e fechados á quaisquer negociações quando encarapitados em carros de som do sindicato que os promove e alimenta.
Distorções pontuais, injustiças financeiras, tudo isso pode ocorrer num governo e há de ser sanado.
Mas talvez o que esta administração ainda não tenha se dado conta é que não são correções e reparações que motivam o movimento.
Tudo o que querem se resume em duas eleições e as seguintes consequências, sonhadas por eles: que o “baixo clero” furioso seja conduzido á vereança e que, posteriormente, um outro Prefeito os acolha e abrigue no seio generoso que amamenta aqueles que não trabalham.
Tal como foi, até ano passado.

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