CLIMA DE GUERRA ANTECEDE DEBATE DILMA X AÉCIO, HOJE NA BAND
Primeiro
confronto direto do 2º turno acontece no ponto mais baixo da relação entre PT e
PSDB; presidente Dilma Rousseff e senador Aécio Neves trocam ataques sobre
temas como corrupção na Petrobras e construção do aeroporto de
Cláudio; desconstrução da imagem de Armínio Fraga e demolição da política
econômica do governo estão no arsenal dos adversários; em luta parelha, debates
têm importância renovada, com quatro horas de confronto direto entre os
adversários; primeira batalha hoje, Band, 22h15
O primeiro dos quatro debates
diretos, em rede nacional, entre a presidente Dilma Rousseff e o senador Aécio
Neves ocorrerá logo mais às 22h15, no ápice da guerra entre PT e PSDB pelo
poder. As poucas amabilidades ficaram para trás. A rodada de confrontos, que
começa pela Rede Bandeirantes, passa pelo SBT, Record e Globo, ganhou
importância em razão das estratégias dos candidatos. Eles investiram no
confronto direto, com trocas de acusações, ataques recíprocos e cada um
considerando ter melhores argumentos que o outro.
Para a
acusação de corrupção na Petrobras, que Aécio irá sublinhar no encontro desta
noite, a presidente Dilma Rousseff tem a dizer que seu governo foi o primeiro a
apurar a situação. À desconstrução do ministro da Fazenda indicado Armínio
Fraga, Aécio tem em sua defesa os atuais baixos índices de crescimento e a
elevação da taxa de inflação. Chamando o aeroporto de Cláudio, mandado
construir no governo de Aécio em Minas Gerais de "imoral", Dilma terá
de explicar o tamanho do próprio ministério, com 39 titulares.
No debate
desta noite, as regras estimulam perguntas e respostas entre os próprios
candidatos, sem a interferência de jornalistas nos primeiros blocos. No
cronômetro, acredita-se que ambos poderão se confrontar diretamente por mais de
uma hora. Somando o tempo calculado para os próximos debates, ambos deverão
estar frente a frente por mais de quatro horas até o final da próxima semana.
PALANQUE
AMPLIADO - Derrotado
em Minas Gerais pelo PT no primeiro turno, o senador mineiro terá como resposta
o maior número de votos, no primeiro turno, do que ele considera
"oposição" ao governo. Contra os apoios que Aécio vêm recebendo entre
presidenciáveis e partidos 'nanicos', mas especialmente de Marina Silva e da
família Campos, Dilma tem como antídoto a sua própria vitória em primeiro
turno e a convicção de "cada pessoa, um voto", como forma de
passar por cima do palanque ampliado do PSDB.
A
performance de cada um terá relação direta com vencer ou perder o debate, à
parte os fatos que vierem à toda. Saber perguntar, responder com eficiência,
passar simpatia e, ao mesmo tempo, segurança serão decisivos para a avaliação
do espectador. No quesito televisivo, Aécio é considerado mais desenvolto que
Dilma, mas a presidente reconhecidamente cresce sob pressão.
Dos quatro
debates, o primeiro e o último são considerados os mais importantes. A
princípio, o sucesso no confronto parece ser mais importante para Dilma, que
praticamente não criou fatos novos no segundo turno, do que para Aécio. Ele
carimbou em si mesmo a marca da mudança e exibe um cartel de apoios com
praticamente todas as forças que não estiveram com o PT na primeira volta.
Dilma está chamando o povo para o seu lado.
Não há
favoritos.
Abaixo,
notícia da Agência Reuters a respeito:
Dilma tem
difícil tarefa de bater adversário em debates para frear onda pró-Aécio
Por Jeferson
Ribeiro
BRASÍLIA
(Reuters) - A presidente Dilma Rousseff, que concorre à
reeleição pelo PT, tem a difícil tarefa de bater seu adversário no segundo
turno da eleição presidencial, Aécio Neves (PSDB), nos debates de TV dos
próximos dias para interromper a onda favorável ao tucano que ganhou força
depois do dia 5.
Para Dilma,
o bom desempenho nos confrontos diretos com o tucano é mais valioso do que para
Aécio, na avaliação de analistas ouvidos pela Reuters. Na campanha petista,
essa é uma das apostas para reacender o ânimo da militância e dar mais
confiança à própria candidata. O primeiro debate é nesta terça-feira, na Band
TV, e o segundo no SBT, na quinta-feira.
"Agora
é mais militância na rua e um bom desempenho da presidente nos debates, que é o
que estamos prevendo", afirmou o presidente do PT e coordenador da
campanha, Rui Falcão, na segunda-feira.
Na disputa
de três semanas de campanha no segundo turno, Dilma começou patinando, e Aécio
teve uma primeira semana acima de suas próprias expectativas, acumulando apoios
de vários partidos, de Marina Silva e da família de Eduardo Campos, candidato
do PSB que morreu tragicamente em um acidente aéreo durante a campanha
eleitoral. [nL2N0S42TR]
Esses apoios
deram força ao discurso do candidato do PSDB, que tem se apresentado como
representante do desejo de mudança dos brasileiros e, agora, conseguiu reunir
quase todos os outros projetos de oposição do primeiro turno.
Para o
cientista político David Fleisher, da Universidade de Brasília, Dilma precisa
sair vencedora desses debates, mas o escândalo da Petrobras dificulta isso.
"É
crucial para ela (vencer os debates) para tentar a retomada, mas o problema é
que eles (do PT) estão desesperados com o escândalo da Petrobras",
argumentou.
Desde a
semana passada, a campanha petista enfrenta mais denúncias a serem respondidas.
Após vazamento de alguns trechos, a Justiça Federal divulgou áudios do
depoimento do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto da Costa detalhando um
suposto esquema de pagamento de propina envolvendo a estatal que teria
abastecido os cofres do PT, PP e PMDB.
Para o
cientista político Benedito Tadeu Cesar, do Instituto de Pesquisas e Projetos
Sociais (Inpro), esse cenário de pressão pode encorajar Dilma.
"A
Dilma costuma ir melhor sob pressão. Ela não é muito boa em debates, mas quando
está sob pressão me dá a impressão que ela se sai melhor", afirmou Tadeu
Cesar.
Uma outra
fonte da campanha ouvida pela Reuters, que também aposta que Dilma pode retomar
o favoritismo no segundo turno por intermédio dos debates, lembra do embate com
o candidato José Serra, do PSDB, em 2010 no primeiro confronto do segundo
turno.
À época, o
clima na campanha petista era de incerteza depois que a disputa não foi vencida
no primeiro turno por uma margem pequena de votos e se temia uma virada de um candidato
mais experiente sobre Dilma, uma novata em disputas eleitorais.
A presidente
entrou no debate com um tom forte, que assustou Serra, o chamou de "Serra
mil caras", impôs o ritmo do jogo e saiu claramente como vitoriosa da
disputa.
ESTRATÉGIA
Mas há
dúvidas entre os analistas se Dilma deve adotar a mesma postura de ataque nesta
eleição, muito mais disputada e com um cenário econômico bem mais difícil do
que em 2010.
"Agora
é um pouco diferente, o ambiente e o debatedor", disse Fleischer.
"Ele é um político muito diferente do Serra, é um mineirinho que gera
simpatia. A Dilma vai ter que tomar cuidado para apertar o Aécio",
acrescentou.
A julgar
pelas recentes entrevistas da presidente, no entanto, ela parece disposta a
partir para o ataque contra o adversário tucano.
Na
segunda-feira, em entrevista coletiva no Palácio da Alvorada, Dilma citou
problemas na prestação de contas de Aécio quando ele era governador de Minas
Gerais, criticou a gestão econômica do governo do PSDB e do ex-presidente do
Banco Central Armínio Fraga, que foi anunciado como futuro ministro da Fazenda
de Aécio, caso ele vença as eleições, e estava afiada para comparar os projetos
diferentes de PT e PSDB.
"O
problema do discurso dela é se ela assumir uma postura arrogante e soberba. Essa
postura atrapalha a Dilma e não sei se ela consegue fazer coisas diferentes. A
soberba faz parte dela, é difícil o marqueteiro mudá-la", avaliou
Fleischer.
Tadeu Cesar
também avalia que Dilma deve tomar cuidado com a postura de ataque. Segundo
ele, a presidente deveria ter uma postura mais estratégica para delimitar o
eleitorado que foi beneficiado pelas políticas de governo e, com isso, garantir
esses votos.
"Me
parece que a possibilidade de crescimento do PT é demarcar muito bem os campos.
O campo do Aécio tem uma coisa ideologicamente definida, mas tem muito do
entusiasmo", argumentou.
Segundo
Tadeu Cesar, o tucano consegui atrair também aqueles que ascenderam e não estão
satisfeitos com serviços públicos, que estão sendo conquistados pelo discurso
de renovação.
"Ela
precisa demarcar esse terreno para recuperar parte desse eleitorado, mas sem
hostilização", disse Tadeu Cesar. "Para ele, se sair com um empate do
debate não é ruim."
Fonte: Jornal 247
Foto: Divulgação
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