AÉCIO DIZ QUE VAI LIDERAR “EXÉRCITO” DA OPOSIÇÃO
Recebido por
uma multidão em sua volta ao Senado nesta tarde, sob os gritos de
"Aécio!", "presidente!" e "fora PT!", senador
Aécio Neves diz que chega hoje ao Congresso "para exercer o papel que me
foi delegado por grande maioria da população brasileira" e sinaliza que
não pretende dialogar com o governo da presidente Dilma Rousseff; "Vou ser
oposição sem adjetivos. Se quiserem dialogar, apresentem propostas que interessem
aos brasileiros", disse; ele também afirmou que "somos hoje um grande
exército a favor do Brasil e prontos para fazer a oposição que a opinião
pública determinou que fizéssemos"; e comentou ainda os protestos que
pediram intervenção militar: "qualquer utilização dessas manifestações no
sentido de qualquer tipo de retrocesso à democracia terá a nossa mais veemente
oposição"
Fonte: Agência Senado
Por volta das 15h desta terça-feira (4), o senador Aécio Neves (PSDB-MG) foi
recebido na entrada do Congresso Nacional por uma multidão de cerca de 350
pessoas, entre jornalistas, populares, governadores, parlamentares, servidores
e assessores.
Aos gritos
de "Aécio!", "presidente!" e "fora PT!", a
multidão também cantou o Hino Nacional, no que foi acompanhada pelo senador,
derrotado em segundo turno da disputa da Presidência da República no último dia
26.
Depois de
entrar pelo acesso ao Congresso conhecido como Chapelaria, Aécio, cercado pela
multidão, foi aos poucos se encaminhando ao Plenário do Senado, onde conseguiu
entrar às 15h30. O senador estava emocionado pela acolhida e falou brevemente à
imprensa.
- Essa
recepção é tudo que um político poderia querer de uma trajetória, que não se
encerra. Chego hoje ao Congresso para exercer o papel que me foi delegado por
grande maioria da população brasileira – disse Aécio.
O
parlamentar sinalizou que não pretende dialogar com o governo da presidente
Dilma Rousseff. "Vou ser oposição sem adjetivos. Se quiserem dialogar,
apresentem propostas que interessem aos brasileiros", disse.
Ele também
afirmou que "somos hoje um grande exército a favor do Brasil e prontos
para fazer a oposição que a opinião pública determinou que fizéssemos.
Aécio obteve
51,04 milhões de votos no segundo turno (48,36%), contra 54,5 milhões da
presidente Dilma Rousseff, reeleita. O PSDB pediu, por meio do seu coordenador
jurídico, Carlos Sampaio, uma auditoria especial nos resultados das eleições. O
Tribunal Superior Eleitoral (TSE) ainda não tomou decisão a respeito do pedido.
Leia abaixo
a fala de Aécio na coletiva de imprensa concedida no Senado:
Sobre a
recepção no Congresso Nacional:
Não esperava
uma recepção tão forte e tão marcante. Desde que embarquei hoje, chegando no
aeroporto em Brasília e, agora, sendo recebido desta forma no Congresso
Nacional. O Brasil despertou. O Brasil hoje é um Brasil diferente, da eleição
emergiu um novo Brasil. Um Brasil que quer ser protagonista da construção do
seu próprio futuro. As pessoas não deixaram de estar mobilizadas a partir do resultado
da eleição. O que percebo é o contrário.
As pessoas
continuam emocionadas, querendo construir um futuro melhor para suas famílias,
para seus filhos. Essa é uma mobilização inédita na nossa história
contemporânea. O que tenho visto aqui hoje no Congresso e o que eu tenho visto
nesses dias por onde tenho andado, é um sentimento de que quando o governo
olhar para a oposição, sugiro que não contabilize mais o número de cadeiras ou
de assentos no Senado ou na Câmara. Olhe bem que vai encontrar mais de 50 milhões
de brasileiros que vão estar vigilantes, cobrando atitude deste governo.
Cobrando investigações em relação às denúncias de corrupção, cobrando a
melhoria dos nossos indicadores econômicos ou nossos indicadores sociais.
Somos hoje
um grande exército a favor do Brasil e pronto para fazer a oposição que a
opinião pública determinou que fizéssemos. Chego hoje ao Congresso Nacional
para exercer o papel que me foi delegado por grande maioria da população
brasileira. Por 51 milhões de brasileiros. Vou ser oposição sem adjetivos. Se
quiserem dialogar, apresentem propostas que interessem aos brasileiros. No
mais, vamos cobrar eficiência na gestão pública, transparência nos gastos
públicos. Vamos cobrar que as denúncias de corrupção sejam apuradas e investigadas
em profundidade. Portanto, hoje, o Brasil se encontra com o seu futuro. A
partir das manifestações que estamos vendo ocorrer em todas as partes do país.
A nossa
posição será sempre de defesa intransigente da democracia, das liberdades,
contra qualquer tentativa de cerceamento da liberdade de imprensa ou de
quaisquer outras liberdades, sejam coletivas ou individuais. Hoje, portanto,
estamos assistindo aqui e vocês são testemunhas, de um novo Brasil surgindo. Um
Brasil verdadeiro, um Brasil que não aceita mais passivamente tantos malfeitos,
tantas incorreções e tanta ineficiência. Portanto, chego hoje ao Senado
revigorado e serei oposição com a mesma coragem e com a mesma honradez que me
preparei para governar o Brasil.
Sobre nova
agenda para o Brasil:
Seremos
intérpretes da pauta da sociedade brasileira. O Brasil discutiu ao longo desses
últimos meses uma agenda, uma agenda para o Brasil. Uma agenda que passa pela
transparência na economia. Uma agenda que passa pela melhoria dos nossos
indicadores sociais. Uma agenda que passa pela investigação profunda e dura de
todas essas denúncias que aí estão a pulular, a surgir todos os dias. Essa é a
agenda da sociedade brasileira. Vamos estar prontos para defender essa agenda.
Cabe ao governo dar gestos objetivos e claros sobre que direção quer caminhar.
Porque se for na direção em que caminhou nos últimos quatro anos essa oposição,
que já é de 51 milhões de brasileiros que foram às urnas, tende a crescer pelos
próximos anos.
Sobre
manifestações:
Respeito a
democracia permanentemente. E qualquer utilização dessas manifestações no
sentido de qualquer tipo de retrocesso à democracia terá a nossa mais veemente
oposição. Fui o candidato das liberdades, da democracia, do respeito. Aqueles
que agem de forma autoritária e truculenta estão no outro campo político, não
estão no nosso campo político.
Qual o
diálogo o senhor está disposto a liderar?
Cabe ao
governo apresentar suas propostas. Dizer que reforma política, por exemplo,
prega. Dizer de que forma vai permitir que os investimentos que deixaram o
Brasil voltem para o Brasil. De que forma vai manter e construir sua base de
apoio no Congresso Nacional. Os gestos do governo serão observados por nós. Mas
esse governo, pela forma como agiu na campanha eleitoral, de forma absolutamente
desrespeitosa para com seus adversários, de forma, a meu ver, absolutamente
temerária em relação aos beneficiários de programas sociais permanentemente
ameaçados de perdê-los se nós vencêssemos as eleições, não legitima esse
governo, nesse instante, para uma proposta de diálogo sem que o conteúdo dessas
propostas seja conhecido por nós. Portanto, infelizmente o governo da
presidente Dilma venceu essas eleições perdendo. Eu, e aqui lembro Marina
Silva, perdi essas eleições vencendo.
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