ARTIGO DE BLOGUEIRA DE SAPIÊNCIA DUVIDOSA REVOLTA MORADORES DAS COMUNIDADES; AUTORA SE VER OBRIGADA A SE DESCULPAR
O infeliz artigo
de Silvia Pilz, em que ela humilha e estigmatiza a população que na última
década começou a ter acesso a serviços antes reservados às elites, causa
revolta em muitas pessoas. Davison Coutinho, 24, morador e líder comunitário da
Rocinha, criticou o texto da jornalista: "Essa senhora reprova e exclui o
outro apenas por não ser da mesma classe social que ocupa e, por isso, faz
declarações ignorantes. Em meio aos problemas de guerra que vivemos no mundo,
precisamos de mais tolerância e amor e não perder tempo lendo ofensas
intolerantes e discriminatórias. Não toleramos mais um país ou uma cidade
partida por preconceitos".
Fonte: Jornal 247.
A jornalista Silvia
Pilz publicou ontem em seu blog o artigo "O plano cobre",
onde ela destila todo seu preconceito contra as classes populares que nos
últimos anos começaram a ter acesso aos serviços de saúde antes reservados às
elites. Seu artigo atiçou a fúria das redes sociais, e elevou a audiência de
seu blog: seus posts mais recentes têm entre 50 e 300 compartilhamentos (e
costumam falar de aventuras eróticas reais ou fictícias), e este já passou dos
13 mil. Hoje Silva atualizou o texto, com um pedido de desculpas antes e ao
final do texto: "ATENÇÃO: Humor cáustico perde a graça quando precisa ser
explicado. Falhei. Poucos se divertiram e muitos se ofenderam. A intenção não
era essa. Leia o texto e deixe seu recado nos comentários".
Apesar das desculpas, essa
não é a primeira vez que Silvia Pliz usa de seu "humor cáustico" para
ofender e estigmatizar os pobres. Em maio do ano passado ela publicou o artigo "Novo pobre" (teve mais de
800 compartilhamentos), onde ela critica o padrão de consumo dessa população:
"Para eles, ter um bebê nascido na Perinatal, por exemplo, com direito a
foto no site da maternidade, é motivo de orgulho. O carro também é sinônimo de
status. O novo pobre mora mal, paga aluguel, mas não anda em qualquer carro e
não dispensa o insulfilme. O tamanho da TV, normalmente, é inversamente
proporcional ao salário".
Em tempos de discussão sobre
os limites do humor, com a proliferação de Danilos Gentiles e Rafinhas Bastos,
e ainda com a recente tragédia na redação do Charlie Hebdo, parece
que Silvia Pilz escolheu o lugar dos que acham graça em humilhar as
minorias.
O morador e líder comunitário da Rocinha Davison Coutinho escreveu artigo para o Jornal do
Brasil criticando a visão preconceituosa e elitista da autora:
"Essa senhora reprova e exclui o outro apenas por não ser da mesma classe
social que ocupa e, por isso, faz declarações ignorantes. Em meio aos problemas
de guerra que vivemos no mundo, precisamos de mais tolerância e amor e não
perder tempo lendo ofensas intolerantes e discriminatórias. Não toleramos mais
um país ou uma cidade partida por preconceitos".
Por *Davison
Coutinho, para o Jornal do Brasil
Jornal carioca não gosta de
pobre
Rocinha e favelas repudiam
declaração de colunista do 'O Globo'
Em mais uma tarde de verão,
temperatura de quase 35º, cariocas curtindo uma linda tarde de sol, me despeço
dos alunos e retorno de mais uma aula para continuar minhas pesquisas. É então
que recebo de um amigo um infeliz artigo escrito para o jornal o O Globo da
colunista Silvia Pilz – Zona de desconforto. Um texto hediondo e
preconceituoso, escrito por uma pessoa que não consegue aceitar que os menos
favorecidos tenham acesso às “coisas de rico”, ou melhor, não consegue aceitar
que pobre tenha acesso aos mesmos serviços e direitos que antes eram da elite.
O texto de Silvia apresenta
diversos estereótipos negativos relacionados à pobreza. Segundo Silvia, todo
pobre tem problema de pressão, é viciado em usar plano de saúde, gosta de
hospitais e exames porque ganha lanchinho para tirar sangue, além de ir para os
laboratórios para poder pisar no piso de porcelanato e usar o ar condicionado.
Ainda segundo a colunista, o pobre é preguiçoso, pois quando tira sangue trata
logo a não ir trabalhar e gosta e quer ter doença.
Se eu já li um texto tão
preconceituoso antes, eu não me lembro. Envergonho-me em ter em nossa sociedade
pessoas, (nem sei se podemos chamar de pessoas) que pensam de tal forma. E o
pior: declaram como se estivessem com a razão. O que me envergonha, ainda mais,
é um jornal de repercussão publicar um texto de tamanho preconceito, onde ela
demonstra a raiva que tem das pessoas menos favorecidas e atribui vários
estereótipos negativos relacionados à pobreza.
Essa senhora reprova e
exclui o outro apenas por não ser da mesma classe social que ocupa e, por isso,
faz declarações ignorantes. Em meio aos problemas de guerra que vivemos no
mundo, precisamos de mais tolerância e amor e não perder tempo lendo ofensas intolerantes
e discriminatórias. Não toleramos mais um país ou uma cidade partida por
preconceitos.
Lamento, Silvia, que você
seja um ser que não consegue conviver com o outro enquanto humano, e é apenas
um acaso informativo de má qualidade e que precisa de reconhecimento para poder
aparecer na mídia.
*Davison Coutinho, 24 anos, é morador da Rocinha desde o nascimento. Bacharel em desenho industrial pela PUC-Rio, Mestrando em Design pela PUC-Rio, membro da comissão de moradores da Rocinha, Vidigal e Chácara do Céu, professor, escritor, designer e liderança comunitária na comunidade.
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