COM A PALAVRA O JORNALISTA FERNANDO BRITO: TAMBÉM AQUI TEMOS UM MASSACRE EM MARCHA NA MÍDIA
"Também aqui, temos um massacre em marcha na
mídia", diz o jornalista Fernando Brito, sobre as demissões no Globo, de
João Roberto Marinho, que atingiram nomes como o do colunista Artur Xexéo e da
editora Fernanda da Escóssia, "que havia sido posta 'na geladeira' durante
a campanha presidencial, certamente por 'baixo coeficiente de aecismo'";
"Assassinatos coletivos e a sangue frio", afirma.
Fonte: Tijolaço.
Poucas palavras, em inglês, são tão apropriadas para
descrever situações como “fired”.
Demitido.
Porque, sobretudo a partir de certa idade e maiores
responsabilidades, ficar sem emprego é ser atingido violentamente e ficar
gravemente ferido em sua sobrevivência, equilíbrio e, por vezes, em sua própria
dignidade.
No final do ano passado, começou uma onda de demissões nos
jornais que dificilmente irá parar.
Ontem, foi em O Globo, como já havia sido na
Folha, na RBS, no Estado de Minas (que, aliás, como a Abril, está vendendo seu
prédio).
No jornal carioca, a navalha passou impiedosamente sobre
gente que dedicou sua vida à empresa, como a editora de Rio, Angelina Nunes, e
o boa-praça Agostinho Vieira e Arthur Xexéo, além de Fernanda da
Escóssia, editora de política, que havia sido posta “na geladeira” durante a
campanha presidencial, certamente por “baixo coeficiente de aecismo”.
Na hora de cortar, nem mesmo um programa de demissões
incentivadas, nada.
Rua, já.
O “capitalismo moderno” que nossa mui digna imprensa prega,
dentro de casa é assim: execução sumária.
Há, porém, um amargo traço de “modernidade” nas redações,
hoje.
Em plena ditadura, demissões assim provocavam revoltas nas
redações e não era fácil fazer, como dizemos no meio, estes “passaralhos”,
nome que dispensa explicações.
Agora é simples assim, e temos uma categoria amedrontada e
sem argumentos para defender-se, porque os nomes de maior destaque no meio
tornaram-se selvagemente patronais.
Não temos nem mesmo o constrangimento pesoal de um diretor de
redação ter de dizer a um velho companheiro que “seus serviços não são mais
necessários”.
Vai por mensagem interna, no terminal, ou por e-mail.
Assassinatos coletivos e a sangue frio.
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