EM ENTREVISTA AO JORNAL O DIA VICE-GOVERNADOR FRANCISCO DORNELLES (PP) AFIRMA: "SERGIO CABRAL É O NOME IDEAL PARA UNIR O PMDB NA DISPUTA PELA PREFEITURA DO RIO EM 2016"




AUTORIA: REPÓRTERES LEANDRO RESENDE E EUGÊNIA LOPES


Fonte: Jornal O DIA 


Nas palavras vice-governador do Rio, Francisco Dornelles (PP), quatro anos na política equivalem a quatro séculos. A metáfora, ele explica, resume a ideia de que, de uma eleição para outra, tudo pode mudar. Em seu caso, mudou mesmo: em 1993, quando era deputado federal, apresentou emenda constitucional para extinguir os cargos de “vice”, pois estes seriam de “escassa utilidade e de despesas com pouco retorno político e administrativo”. 

Algumas eleições depois, Dornelles mudou de ideia e aceitou o convite para participar da chapa de Luiz Fernando Pezão (PMDB). Em entrevista ao DIA , realizada às vésperas da posse, o ex-senador contou que aguarda a definição de qual será sua incumbência no governo. Prestes a completar 80 anos e com a experiência de quem iniciou a vida pública nos anos 60, ele coloca-se como conselheiro, e, ao analisar o quadro político, diz que Sérgio Cabral é o nome ideal para unir o PMDB na disputa pela prefeitura do Rio em 2016.

O DIA: Pezão foi coordenador de Infraestrutura durante o governo Cabral. Qual será sua função neste mandato?

Dornelles: Tinha decidido não disputar a eleição e falei com o Sérgio Cabral: sai senador que eu não vou concorrer. Mas houve o problema com o PDT, quando o Carlos Lupi forçou a candidatura dele ao Senado, e o Felipe Peixoto (que era o vice de Pezão, e hoje é secretário de Saúde) saiu da chapa. Pezão me chamou, e disputei essa eleição por um acidente de percurso. O vice é o conselheiro de administração. Não quero nenhuma secretaria ou atividade operacional, só ajudo no que ele achar melhor.

Pode ser alguma função de articulação política nos bastidores, uma ponte com Brasília? O senhor também sempre atuou na área de economia.

Em Brasília minha capacidade de articulação está bloqueada: eu fui do ‘Aezão’ (movimento que pregou voto no senador Aécio Neves, do PSDB, e em Pezão). Eu só vou olhar o que Pezão me pedir para olhar. Mas seria uma beleza largar economia e ficar na área de cultura, cuidar de cinema...(risos).

Voltando às vésperas da campanha eleitoral: como o senhor foi parar na chapa do Pezão?

O Sérgio Cabral era candidato ao Senado, até que telefonou, dizendo que Romário (PSB) e Lindbergh Farias (PT) haviam feito uma aliança, e que o ex-presidente Lula havia entrado na jogada. Aí, ele ficou apavorado e achou que era hora de ampliar as alianças aqui no Rio, trazendo o PSDB e o DEM. Então, me convidou para disputar, mas disse a ele que não queria ser senador. Vou fazer 80 anos: não ia aguentar ficar lá até 88. A cabeça está boa, mas o corpo não aguenta. Assim, ele resolveu abrir mão da candidatura para Cesar Maia. Cabral venceria o Romário.

'Todo partido é como um buquê de flores: tem cravo, rosa e flor de cemitério'


Houve um momento em que Cabral teve apenas 20% de aprovação do governo, e havia um desejo da população por renovação na política. O desgaste dele não era grande demais para disputar a eleição?

A grande votação do Romário se explica pela rejeição ao Cesar Maia. Na campanha pelo Senado, Cabral recuperaria a popularidade, pois foi o melhor governador que o Rio teve. Ele se perdeu por incidentes, apareceu em Paris dançando com guardanapos... Problema que o tempo não resolve é porque não tem solução.

A solução pode ser a prefeitura do Rio em 2016?

Se ele quiser, nosso grupo político vai apoiar ele. Se ele mostrar que recuperou a força e o prestígio dele, não vai ter racha no PMDB. O Eduardo Paes abrirá mão de indicar o Pedro Paulo (deputado federal), e o Jorge Picciani (deputado estadual) de colocar o filho (Leonardo, deputado federal). Talvez ele já tenha pensado na prefeitura quando deixou a corrida pelo Senado.

Qual avaliação que o senhor faz das eleições 2014?

É preciso separar as datas da eleição de presidente da de governador. Aqui no Rio foi muito confuso, eu era Aécio, e Pezão era Dilma. Isto cria problemas. O pleito tem que ser para presidente, senador e deputado federal numa data, e governador, deputados estaduais e eleições municipais em outra.

Aqui no Rio, o senhor e Pezão não terão vida fácil. A dívida do estado chega perto dos R$ 88 bilhões.

O problema é que o país está em recessão. O governo federal faz mágicas contábeis, aumenta o endividamento e contorna seus problemas.Todos os estados estão com dificuldades. O Rio é agravado pela queda do valor do petróleo, mas tem uma Olimpíada pela frente. Não quero falar muito do estado por enquanto.

Qual foi a participação do senhor na montagem do secretariado do Pezão?

O PP indicou dois nomes: o Zé Luiz Anchite (Desenvolvimento Regional) e o Nilo Sérgio (Turismo).
Nessa composição, chamou atenção o nome do deputado federal Marco Antônio Cabral para a pasta de Esportes. Foi uma exigência do Sérgio Cabral?
Política indica e administração demite. Tudo tem que ser feito com responsabilidade. Marco Antônio foi indicado pelo PMDB. Idade é irrelevante, pois Napoleão tinha 24 anos quando venceu batalhas, no século 18.

O escândalo de corrupção na Petrobras está afetando as finanças do Rio?

O reflexo da crise será grande para o Rio. Os investimentos vão diminuir no estado. Neste escândalo, é necessário separar as pessoas que cometeram irregularidades dos outros funcionários. Se a Petrobras for atingida, vai deixar de pagar impostos, pagar as empresas, e milhões ficarão desempregados. Sem contar que grandes partes dos investimentos são feitos por empresas que estão na Operação Lava-Jato, da Polícia Federal. Essas empreiteiras também precisam ser preservadas.

O ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa, diz que seu partido foi um dos que recebeu dinheiro desviado por ele da Petrobras.

Todo partido é como um buquê de flores: tem cravo, rosa e flor de cemitério. Se o meu partido tiver flor de cemitério, vai responder por isso. E tem que ver do que as pessoas são acusadas. Qual é o problema de conversar com alguém?

O senhor teve contato com o Paulo Roberto Costa?

Poucas vezes. Quando estava no Senado, defendi uma ideia dele na Comissão de Orçamento, pois interessava ao Comperj.

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