CARNAVAL DO RIO DE JANEIRO - MOCIDADE AO FALAR DE DOM QUIXOTE TRANSMITE A MENSAGEM MAIS POLITIZADAS DAS ÚLTIMAS DÉCADAS



A Mocidade, penúltima escola a entrar na passarela, fala sobre a literatura com Dom Quixote. O cavaleiro vem retratado numa escultura de dezoito metros de altura, no abre-alas.

A comissão de frente da Mocidade mistura dois mundos: o dos personagens de Miguel de Cervantes e da Petrobras. Sem poupar alfinetadas à estatal, que patrocina o desfile das escolas da elite carioca, os bailarinos vão simular uma "transformação" de espanhóis em corruptos de colarinho branco, que sairão de um moinho (o tripé do abre-alas) com malas cheias de dólares.


A escola vai promover uma "chuva de dólares" na Sapucaí, promete o coreógrafo Jorge Teixeira.

Junto com Saulo Finelon, ele preparou uma menção à Petrobras já no moinho de vento. À frente dele vem Dom Quixote, que descobre aos poucos as mazelas brasileiras:

- A gente termina com uma mensagem positiva, de que a Petrobras é nossa. Dom Quixote vai fincar uma bandeira brasileira no moinho, ou torre de petróleo - disse ele, que desde outubro ensaia com 27 bailarinos profissionais da Companhia Brasileira de Ballet - Hoje a comissão de frente é a maior representação de uma escola.

Num passeio pela História do Brasil, ele encontrará, em meio a belezas do país tropical, um grande abacaxi a ser descascado. A alusão à política também será marcada pelo carro lava-jato. O abre-alas tem Dom Quixote, moinhos, a velha guarda, mulheres de topless e barris de petróleo. Já o segundo carro da escola representa a sujeira politica.

Para evitar problemas de evolução, algumas mudanças foram feitas de última hora. O casal de mestre-sala e porta-bandeira, que viria antes da bateria, mudou de posição e entrou depois da comissão de frente. A velha guarda, que terminaria o desfile, entrou antes do último carro, que teve problemas para entrar na Avenida.
O primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira da Mocidade Independente de Padre Miguel representa as raízes do Brasil. Há dois anos como primeiro mestre-sala da escola, Diogo de Jesus promete mostrar na Avenida toda a dedicação que manteve ao longo do ano.

- É muito bom entrar na sapucaí com um sentimento positivo de que temos condições de levar o título. Agora é despertar o trabalho que preparamos ao longo de 10 meses - disse.

A presença da cantora Claudia Leitte, rainha de bateria da agremiação, causou alvoroço na concentração da escola. Cercada de seguranças - e assim que pisou na Presidente Vargas, de fotógrafos - a rainha acabou obstruindo a passagem de sua própria bateria.

- Sai da frente - gritaram alguns ritmistas, que vão homenagear Zumbi dos Palmares.

Os integrantes não farão nenhuma paradinha. Os membros da bateria que tocam chocalho vão fazer três coreografias ao longo da avenida.

Fonte: G1.

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